República Brasileira: impedimento é retrocesso!

(Crédito: Oficina Cult)
Por Silvaney Silva Santos*

O atual momento do nosso país faz-nos refletir sobre o sistema político implantado na “Bruzundanga” (1889). O enraizamento desse modelo oriundo dos grupos oligárquicos, os fardados e os de paletó, em resumo, os sanguessugas seculares; impede qualquer tentativa de crescimento e desenvolvimento dos “bruzundangueses”.
Sem temer anacronismos, como a sátira “Os Bruzundangas” de Afonso Henriques de Lima Barreto, publicada em 1923, ainda hoje se constitui num documento atualíssimo para se compreender a realidade brasileira. É bem verdade que de lá para cá diversas mudanças ocorreram! E que bom! Contrariamente ao próprio autor dos Bruzundangas, o povo não é mais público. É povo! E se tivemos conquistas sociais foi justamente por causa desse povo que resistiu e continuará resistindo às forças invisíveis e visíveis de uma trupe que não concorda em dividir com a coletividade a riqueza gerada pelos trabalhadores desse país. E aqui não cabe a alcunha de preguiçosos, como se atribuiu pejorativamente aos índios!
Infelizmente a nossa República democrática passou por muitas interrupções. Como diz a sátira de Barreto (1923), o regime passou por desastres, começos e recomeços. Essas interrupções sempre ocorreram quando se abria espaço para o desenvolvimento do povo, de outro lado, os grupos egocêntricos, egoístas... barravam o processo. Criavam mitos como o anticomunismo, a corrupção como algo personalizado naquele governo; hoje, até uma “falsa ditadura”; falsa porque, já se viu em uma ditadura se expor imagens de uma presidente totalmente despida além de outras atrocidades em redes sociais? Se essa ditadura não for falsa é fraca!
Não elencarei os ganhos para o povo com o atual modelo. Também não citarei as perdas, assim como as enormes falhas; a vontade de se assemelhar, de vestir paletó e de tornar-se mais um mandachuva. Este “testículo” apenas tem a intenção de acenar que a interrupção da democracia, mesmo com as suas incongruências, colocou na sua agenda o povo como uma das prioridades. Logo, seria um grande atentado às futuras gerações mais uma interrupção, mais um impedimento.
Por fim, a democracia brasileira está sendo testada. Talvez, após esses dias sombrios, de tentativa de mais uma facada no regime democrático, por “Mandachuvas [...] indicados entre os mais néscios e os mais medíocres”, ela (a DEMOCRACIA BRASILEIRA) seja aprovada. Esse processo mostrará que caranguejo é bom no mangue e no prato. E que golpe ficou no passado. Logo, terá sido cumprida uma das finalidades da História segundo Eric Hobsbawm, “explodir com o passado”. Senão, estaremos sendo vítimas das paixões que impedem a distinção do bem e do mal por serem muito próximos.

Professor Silvaney (Foto: Divulgação)
*Natural de Santo Amaro das Brotas (SE). Professor das redes públicas dos Municípios de Santo Amaro das Brotas e de Maruim. Historiador e Pedagogo com especialização em ambas as áreas.

** Publicado originalmente na coluna do jornalista Cláudio Nunes
,no portal Infonet.

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