ENTREVISTA: Professor Souza, Presidente da Câmara dos Vereadores de Maruim

José Antônio Souza (Foto: Divulgação)

* Por Keizer Santos

O entrevistado é o professor de Matemática e Biologia, artista e agora presidente da Câmara dos Vereadores de Maruim, pelo PT do B, José Antônio de Souza. Nascido em 21 de maio de 1949, em Maruim (SE), Souza é casado, pai de dois filhos e possuidor de uma vasta experiência profissional. O professor foi o destaque nesta eleição por ser o segundo mais votado em Maruim com 524 votos, mesmo sem ter disputado um cargo eletivo nos últimos 20 anos.

Keizer Santos - Quem é o professor Souza?
Professor Souza - É o cidadão, filho de Maruim, nascido no povoado Guiomar Dias, professor há muito tempo... Desde 1975 comecei a trabalhar no Costa e Silva, em Aracaju, e depois fiz um oficio e fui transferido para Maruim, para o Alcides Pereira, no qual lecionei nas séries iniciais do ensino fundamental. Logo com a saída da professora Vanira, para assumir a diretoria da DRE’ 04 eu fui indicado para ser diretor do colégio Dr. Alcides Pereira.

KS - A maioria da população passou por dificuldade financeira na infância. Com você também foi assim? Como foi sua infância?
PS - A infância na verdade não foi muito difícil, pois meu pai tinha nos dado uma condição razoável de sobrevivência para gente. A coisa foi piorando na adolescência, quando eu estudei no ginásio maruinense, que aí meu pai já tinha certa dificuldade financeira, e de lá de casa só quem seguiu estudando foi eu. Chegamos ao ponto de trabalhar em Aracaju para sobrevivência e para a manutenção dos meus estudos. Depois me transferi para o povoado Guiomar Dias, quando fui obrigado a vir a pé para sede, pois não tinha transporte. Estudava no Atheneu, e pegava o ônibus aqui (sede) para ir a Aracaju. A fase mais difícil da minha vida foi essa quando fui estudar em Aracaju, em 1969, quando trabalhei no Gbarbosa. Depois para manter os estudos do ensino médio, antigo 2º grau, e a coisa melhorou quando passei no vestibular em Recife.
KS - Você passou no vestibular para qual o curso?
PS - Passei no CECINE, em Recife, no curso de formação de professores para atender as necessidades das cidades do nordeste. Fui estudar por conta do governo ganhando quinhentos cruzeiros naquela época de bolsa. Passei dois anos fazendo licenciatura de curta direção, que dava sustentabilidade para ensinar de 5ª a 8ª série.

KS - Era como um curso normal (antigo magistério)?
PS - Não, era metade de um curso superior. Depois era selecionado doze professores, destes que fizeram o CECINE, para completar o ensino. Optei por Biologia, em João Pessoa, na UFPB, onde fiz a licenciatura plena, ou seja, mais 50% dos créditos que ficaram faltando.

KS - A vida acadêmica não é fácil, diante das dificuldades, alguma vez você já pensou em desistir?
PS - Diversas vezes, porque você não sabe naquele momento para onde você vai, há uma incerteza na vida da gente, antes da definição das coisas. Como optei por estudar, que era difícil naquela época você enveredar por este caminho, ou trabalhava ou estudava. Na rua da cancela, onde a gente morava, morava perto dos filhos do senhor Abdias, morava perto de Gilvando, que é médico hoje, perto também do filho de Zé Maia.  Essas pessoas deram incentivo para que pudesse tender para o lado do estudo. Tanto é que eu fui morar em Aracaju numa república para estudar.

KS - Você é uma pessoa de referência na cidade. Qual a mensagem que você deixa para os jovens que estão iniciando sua vida profissional?
PS – Antes de tudo enveredar no caminho do conhecimento, dos estudos. Porque hoje as referências como o vereador Moacir Mota, professor Otoniel, Gilson de Paula e outros, que são destaque por conta do estudo. Sempre que estava na sala de aula chamei a atenção, pois os estudos geram independência, tanto para o homem, quanto para mulher.
KS - Quais os cargos públicos ocupados em Maruim e como foram estas experiências?
PS – Em Maruim eu ocupei, inicialmente, por volta de 1977, fui diretor do Colégio Dr. Alcides Pereira. Depois fui professor do Alcides, depois do Ginásio Maruinense do curso de 2º grau e vereador, pela primeira vez, em 1982. Coordenador de Educação, quando João Vieira foi prefeito e posteriormente assumi a Secretaria de Educação, que antes era órgão de Educação. Quando Dr. Aparecido assumiu a Secretaria Municipal de Saúde passei a ser vereador por dois anos. Depois fui diretor do CEMA – Centro Educacional Maruinense, e sócio também. Fui Secretário de Educação na gestão do ex-prefeito Jeferson Santana. E agora fui eleito, novamente, para o cargo de vereador.

KS – Como é lidar com a vida pública e com a vida privada?
PS – Dá um suporte de grande importância, pois a gente lidar com a coisa privada e a gente sabe que tudo é medido, tudo é dentro dos ajustes econômicos, ou seja, fazer o pequeno se tornar grande. Isso trazendo para a vida pública lhe dá subsídio muito grande, porque aí você evita o desperdício, para que aquilo seja usado como se fosse seu. Se todo gestor administrasse primeiro uma empresa privada para depois gerir uma empresa pública ele teria toda uma regra para seguir, quanto pela honestidade, quanto para aproveitar de forma benéfica.

KS – Cerca de 20 anos após o senhor disputa um cargo eletivo e tem como resultado a segunda maior votação de Maruim, em 2012. Qual a sua avaliação?
PS – Eu acredito pelo fato de já ter o nome disposto nestes cargos públicos ocupados, mesmo sem disputar mandato eletivo, o nome ficou “solto”, mais à vontade, a atitude do cidadão dentro das eleições, subindo nos palanques neste tempo todo e trabalhando honestamente. Trabalhando no município e desenvolvendo estas ações públicas. Como o trabalho em sala de aula e por apresentar, também, certa idade e um controle pessoal, as pessoas optaram no meu nome espontaneamente.

KS – Qual a perspectiva diante de um terceiro mandato na Câmara Municipal?
PS – Agora muito mais maduro, apesar de não ter sido menino nas outras, hoje me dá um a segurança maior. Acredito que esta eleição foi uma eleição bairrista, que as pessoas do povoado Mata do São José votaram em mim, assim como no Pau Ferro votaram em César, ou seja, evitaram votar nas pessoas de fora. O povo valorizou o que era da terra. Essa responsabilidade que me deram dá a segurança de ser o povo e trabalhar para o povo. Por isso, vou trabalhar como vereador para uma  comunidade que me elegeu para representar uma comunidade inteira, não só os que deram os 524 votos, mas toda Maruim.
KS – Fale um pouco sobre seus talentos artísticos.
PS -  Em casa tenho um violão onde toco o essencial o básico. No lado da pintura tenho sempre uma forma de me inteirar comigo mesmo no pincel, pois gosto muito de paisagem. Tenho alguns quadros que tenho fruto da imaginação. Tenho um dom de trabalhar com barro, desenho. Faz parte do meu eu.

KS – Qual a mensagem que o senhor deixa aos maruinenses?
PS – Devemos crer no amanhã, crer nas pessoas. Devemos ter a vontade de ter e ser fiel ao querer. Quando você sonha, você tem. É próprio do ser humano querer e fazer por onde. O principal caminho, o maior êxito que agente consegue é através do estudo, pois através deste conseguimos obter o sucesso.
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* Estudante do curso de Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo na Universidade Federal de Sergipe

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