1º de abril: 149 anos do último adeus de Adolphine Schramm

Adolphine Schramm
Há exatos 149 anos, precisamente, em 1º de abril de 1863, a alemã Adolphine Schramm registrava seus escritos, pela última vez, endereçados a sua irmã Anna. Adolphine escrevia cartas, geralmente, a cada dois meses para seus amigos e familiares. 
O falecimento de Adolphine foi informado a sua irmã por Ernst Schramm, seu esposo, via telegrama marítimo, que foi recebido oito dias após sua morte: 

“Adolphine morreu de cólera 11 de abril. Prepare sua mãe para esse golpe terrível. Ernest” (Cartas de Maruim) 

Adolphine Schramm 

Adolphine Schramm, filha de comerciantes de Hamburgo, nasceu em 1826, na Alemanha. Chegou ao Brasil, em dezembro de 1858, quando desembarcou na Bahia com seu esposo Ernest Schramm. 
Ernest instituiu a Casa Schramm & Co. no grande comércio maruinense. 
Adolphine tinha um grande sonho em ser mãe. Em 1859 teve uma gravidez frustrada, pois sua filha havia nascido morta. Porém, em outubro de 1861, gerou Max Schramm, em Maruim. Max, que aos cinco anos de idade foi morar na Alemanha, junto com seu pai, após o falecimento de sua genitora. 
O maruinense Max Schramm foi prefeito em Hamburgo e Senador na Alemanha. 

O último adeus 

Maruim, 1º de abril de 1863 

Por causa da epidemia de cólera, no momento, graça a Deus, quase controlada, todos os meus planos domésticos foram feitos. Embora estejamos até agora protegidos, sem nenhum caso da doença em casa, seria injusto e mesquinho trazer a público essa bagatela em relação ao enorme e quase geral sofrimento. Todo pequeno negócio, toda oficina, tudo está parado e, também há três ou quatro semanas atrás, minhas três lavadeiras disseram-me que não podiam lavar nenhuma roupa. 
Ficamos policiando os escravos em nossos postos, a fim de que não se deitem nem nas pedras nem no chão úmido, não deixem a casa escondido e não utilizem comida que possa fazer mal. O calor é terrível, e a seca já destruiu qualquer perspectiva de nova colheita. Agora fala-se que não vai haver verduras. Nisso, contudo, não quero acreditar ainda, pois algumas pessoas ficam satisfeitas em atrair o azar. 

*Carta envida por Adolphine Schramm a sua irmã Anna, que estava na Alemanha. 

(FREITAS, José Edgar da Mota [trad.]. Cartas de Maruim. Aracaju: Universidade Federal de Sergipe, 1991.) 

Texto: Keizer Santos 
Imagem: SCHRAMM, Percey Ernest. Neun Generatione (1648-1948). Ruprecht: Gotttinge, 1964 in CRUZ E SILVA, Maria Lúcia Marques. Inventário Cultural de Maruim. Edição comemorativa aos 140 anos de Emancipação Política da cidade. Aracaju: Secretaria Especial de Cultura, 1994.

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