Professora Nazaré dos Santos Oliveira
(17.set.1945 – 31.out.2011)
Por Lúcia Marques¹
Profª Nazaré e seu neto Jhonatas |
A terra onde se nasce é como uma mãe; aquela mãe fértil que teve tantos filhos de que até perdeu a conta. Mas tem mães que, por terem esse mesmo propósito, transformam-se em um imenso território fecundo, na fé e no sentimento que somente o amor maternal explica. Nesse aspecto, as duas se nivelam e ganham significados similares: a terra-mãe e a mãe que se fez o pedestal da esperança, onde muita gente encontrou alento e abrigo. Nazaré deu provas suficientes de amor pelos seus filhos biológicos e a todos aqueles que se aninharam consigo.
Fadada a responsabilidades, desde cedo ela se viu cercada dos dez irmãos após o falecimento de sua mãe Izabel, tomando sobre seus ombros a tarefa de criá-los e educá-los, com 20 anos de idade. Como se predestinada a praticar a caridade, o seu casamento com Gilson Oliveira vem nesse mesmo tom. É que, com o falecimento da sogra, senhora Ramira, os 16 cunhados transformar-se-iam em seus irmãos, no sentido pleno da palavra. Para se ter uma ideia da dimensão da sua maternidade, a mãe do seu esposo teve quatro gestações de gêmeos. Sendo assim, foi com o apoio do seu companheiro que passou a dividir as pesadas despesas nesse caminhar.
O cenário de sua casa é uma paisagem viva, sempre empilhada de gente, que lá achou guarida. Compara-se essa residência a uma colmeia de ativas abelhas, que num entra e sai sem fim matam-lhes a fome para manter a vida. O salário de professora primária não a impedia de dividir o pão e alguns mimos das suas crias e dela mesma. No estreito lar, de corredor comprido, o piso perde a cor rapidamente e quase se afunda com o peso dos passos onde se nutrem inúmeras bocas e se doma o cansaço de dias e décadas.
Como tantas heroínas da educação, Nazaré deixou a sua imagem incrustada nas ruas de Maruim em seu trajeto que fazia diariamente quando se deslocava para ministrar aulas no pobre povoado. Diversas vezes, quando se mirava a paisagem em frente à Igreja da Boa Hora, debaixo de chuva ou de sol, lá vinha a filha de Jucundo, em sua rota perigrinatória. Na acanhada escola, depois de lutas travadas com os seus alunos, com o intuito de sorvê-los da luz do saber, com exíguos recursos pedagógicos, ela cumprimentava as pessoas com semblante alegre, para no outro dia, com a mesma disposição, fazer o mesmo percurso.
Por muitos anos, e residindo na sede municipal, ela deixava o seu lar e deslocava-se a pé para a zona rural a uma distância de dois quilômetros, pois somente mais tarde viria a lecionar na Obra Social São José, na cidade de Maruim. Nesta unidade educacional, trabalhando ao lado de fiéis companheiros de magistério, construiu sólidas amizades a quem confiou alguns de seus rebentos, que por suas mãos foram levados à pia batismal. Colegas e amigos no seu cotidiano ficavam impressionados com a mágica que essa mulher fazia para multiplicar o curto dinheiro de dois funcionários, com o fito de criar uma grande prole.
Refletindo-se acerca da história dessa professora maruinense, oriunda do povoado Gentio, é impossível ficar indiferente à sua atuação terrena, especialmente olhando para as feições daqueles que ela acolheu. Iniciando-se ainda jovem na missão maternal, ela deu seu sim a um sacerdócio que se consolidou pelo devotamento a seus filhos, abraçando-os com tamanho amor de uma autêntica pátria mãe gentil!
Missa do Sétimo Dia realizada na Igreja Matriz de Maruim
Maruim, 7 de novembro de 2011
¹Professora Maria Lúcia Marques Cruz é Mestre em Educação pelo NPGED/UFS e Pesquisadora da UNIT.
3 Comentários
Maravilhosa homenagem. D. Nazaré merece!!!!!!!!
ResponderExcluirEU ME CHAMO WILSON SILVEIRA, E CONVIVI C/ DONA NAZARÉ E SR. GILSON.
ResponderExcluirCONHECI SR. JUNCUNDU NO SITIO NO GENTIL.
FOI ELE QUE ME ENSINJOU A ANDAR A CAVALO E (ATIRAR) , C/ SE FILHO ISMAELA
JOÃO QUE INCLUSIVE ESTUDOU NO GINASIO MARUINENSE, COMO EU.
EU MOPRAVA VIZINHO A ELES ( FILHO DE IVETE) SOBRINHO DE DONA SANTINHA.
ESSA FAMILIA SEMPRE FOI GUERREIRA.
QUE DEUS ABENÇOES.
EU AGRADEÇO A TODOS PELA HOMENAGEM A MINHA IRMÃ NAZARÉ QUE DEUS CONTINUI ABENCÕANDO A VOCÊS. LEMBRE-SE QU: A MANEIRA COMO RECEBES OS HUMILDES, MOSTRA QUANTO AMAS A DEUS. OLHA E GOSTEI MUITO DO BLOG DO KEIZER PARABÉNS E CONTINUI SEMPRE DIVULGANDO AS COISAS BOAS QUE NOSSA CIDADE TEM.POR QUE NOSSA CIDADE ESTA MAL ADMINISTRADA.
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